Ainda tirando as teias de aranha, vamos continuar o relato de ontem...:
Como eu
disse no post anterior, a Romênia de fato me fez querer ficar. E se
eu soubesse o abacaxi no qual a visita à Bulgária se tornaria, eu
provavelmente teria pulado de lá pra Istanbul :) Tudo começou já
no trem. Quando entrei, um cara falava comigo uma mistura de russo
com inglês – só pude dar com os ombros e dizer que eu não tava
entendendo nada. Já no vagão, fui em direção aos agentes, pra
saber onde era meu assento. De bermuda, com cigarros pendurados na
boca, um deles foi buscar os óculos enquanto o outro segurava a
lanterna pra lerem o ticket. Pra minha infelicidade, eles apontaram
pro mesmo vagão onde eu estava antes. Meu assento era logo atrás do
russo. Enquanto eu me ajeitava, um romeno com cara de cigano tentava
me dizer como arrumar minhas malas.
Sentei
com tudo jogado do jeito que estava e respirei fundo... pra quase
vomitar! Era um cheiro horroroso, parecia uma mistura de carvão com
graxa... e chulé de russo! No teto, só um par de lâmpadas
funcionavam, e elas ficavam piscando e fazendo aquele barulho de
corrente elétrica, como nos filmes de suspense. Sujo era pouco pra
descrever aquele trem. “Onde eu fui amarrar meu bode?” - era tudo
em que eu conseguia pensar. Fiquei tão assustada que nem coloquei o
mochilão no compartimento de bagagens, deixei na frente do meu
banco. Não que o espaço fosse grande, mas é que o medo de levarem
era maior! Passei as alças da mochila menor no meu braço e a
coloquei no assento ao lado. Eu tava caindo de sono, mas dormir
parecia impossível!
Quando
finalmente dei uma cochilada, um barulho enorme na porta. Era a
polícia romena, pedindo os passaportes. Gelei. Por um momento, eu
tinha esquecido do meu carimbo fantasma na entrada. Como é que eles
iam saber que dia eu havia entrado no país? Sutil como um coice, ele
pegou meu passaporte, o dos dois coleguinhas e saiu do trem. Eu
tremia por dentro! Depois de alguns minutos, mais um barulhão! Era
outro policial, na delicadeza de um ogro, que começou a abrir e
fechar os compartimentos de bagagem, pra ver se não tinha ninguém
escondido. Que terror! Do lado de for a, dois policiais “conversavam”
alguma coisa. Sim, conversavam entre muitas aspas, porque era grito
respondendo grito. Na minha cabeça, eu traduzia: “Tem uma menina
aqui sem carimbo de entrada! Pega as algemas!”. Sério, minha
gente, eu tava uma pilha! Quando finalmente o policial retornou ao
vagão e me entregou o passaporte sem dar uma palavra, eu quase
gritei de alívio.
Em menos
de 20 minutos, mais uma parada pra controle de passaporte. Tínhamos
chegado na Bulgária. Os policiais entraram, não tão barulhentos
quanto os anteriores, e pelo menos o que pediu meu passaporte era
broto. Ele perguntou pra onde eu estava indo – era a primeira vez
em horas que eu ouvia um inglês decente! Quando ele olhou a capa do
passaporte, só faltou virar os olhos. Fez uma chamada pelo walkie
talkie: “Fulano? [silêncio. respira fundo.] Brasilien”. Será
que eu precisava de visto pra Bulgária e não sabia? Já comecei a
tremer de novo, enquanto o oficial broto olhava pro meu passaporte e
dizia um monte de coisa pro seu colega do outro lado da linha. Acho que essas coisas acontecem só pra eu ficar ridiculamente tensa mesmo, porque no final deu tudo certo :D
Depois de 13 horas de trem, morrendo de medo por não ver nenhuma mulher ao redor, tendo minha passagem checada pelo menos 5 vezes em pontos diferentes, cochilando aqui e ali - mas conseguir dormir de verdade, eu finalmente cheguei na Bulgária. Daí você acha que a história vai melhorar, né? Ainda não... A estação de trem só faltava cair aos pedaços, e vários guias de turismo vinham me abordar no estilo urubu. Como eu odeeeeeiiiiiooooo gente me cercando!
Meu plano era deixar as malas no guarda-volumes e de lá ir conhecer a cidade. Mas o guarda-volumes estava... fechado, obviamente! Resolvi ir pro aeroporto logo e tentar guardar as coisas lá - já que meu voo só sairia à noite. Tive que literalmente fugir dos taxistas pra chegar até a parada. Ufa! E vale uma pausa pra um comentário, minha gente: o idioma búlgaro usa o alfabeto cirílico, que é esse aí:
E não se enganem... o "H" tem som de n, o "P" tem som de r, o "B" tem som de v, e por aí vai! Imagine andar pelas ruas e só ver isso! kkkkk... Eu conseguia ler algumas coisas porque comecei a estudar russo uma vez, mas ainda assim não entendia o significado de nada, né? Morri de rir quando a agente da parada anotou o nome de onde eu tinha que descer. Ai, que piada! Sorte a minha que encontrei três anjos no ônibus, que me ajudaram a chegar lá. Uma jovem e um casal de idosos me deram a informação direitinho, e a senhora desceu junto comigo :)
Mas até lá, foram cerca de 45 minutos entre dois ônibus. Chegando no aeroporto, mal dava pra acreditar que aquela era a capital de um país. E adivinhem só??? Não tinha guarda volumeeees! Já eram quase 2 da tarde, eu tava roxa de fome e meio frustrada também. O jeito foi pegar o ônibus de volta pro paraíso que eu tinha visto no caminho:
Na verdade não foi bem esse... e sim o que tinha do outro lado da rua! Mas ta valendo, né? |
AAAAH, sua coisa maravilhosa! Como eu amo o Mc Donal'ds! Quer dizer, o Макдоналдс :D
Detalhe no menu em búlgaro :) |
É sério, gente, em qualquer lugar você pode contar com o Mc. É aquele amigão do peito, que ainda oferece wifi de graça. Fiquei lá nada menos que 1 hora enrolando pra não sair! Me senti em casa!
Decidi voltar pro aeroporto pra encarar a espera... não tinha o que fazer! As mochilas tavam super pesadas, eu não ia conseguir carregá-las o dia inteiro! Mas decidi jogar o Jogo do Contente (vai dizer que você nunca leu Poliana?) e me alegrar com o que eu tive: um almoço maravilhoso e 45 minutos de "city tour" (vulgo busão) na capital da Bulgária.
O pouco que vi me deu vontade de conhecer mais. Uma cidade grande, bem arborizada, com uma gritante diferença social entre bairros e uma vista linda! Sofia é cercada por montanhas, e seus topos ainda conservam a neve! Muito lindo!
Depois de 6 horas de espera e com o traseiro quadrado e dormente, chegou a hora!
Fiquei impressionada com a qualidade da companhia aérea. Eles deram um lanchinho show e o comissário de bordo era broto. Pra mim valeu! hahahah... O voo saiu na hora chegou antes do previsto. Mas amanhã que é dia de falar da Turquia... Por hoje é só!
Um beijão, gente, e obrigada por continuarem viajando comigo!
Demais, Ana Luíza!!! :D
ResponderExcluirEnjoy the world!
Saudade ;***
Valeu, Patch! Pode deixar que vou enjoyar muuuito sim! ;D
ExcluirSaudade também!
Ana Lú show de bola tudo... até os segurança mal educados. Olha estou aqui te acompanhando, viajando com você nessa aventura... o meu voo sai agora, beijos lilica
ResponderExcluirKkkkkkk... até os seguranças?!
ExcluirObrigada por viajar comigo, Lilica!
Um beijão em todos aí!
DEMAAAIS!
ResponderExcluirAninha, você vai conhecer a Europa toda é?
Sinto que quando menos esperarmos, teremos uma postagem sua com um ticket para o Continente Asiático! hehe
Muito obrigada por dedicar um tempo, nessa correria toda, para compartilhar suas aventuras conosco!!
Oi, Pri!
ExcluirNossa, que soooonho conhecer a Europa toda! Ainda faltam alguns, mas um dia eu chego lá!
E eu acabei dando um pulinho na Ásia mesmo, quando conheci Istambul :D
Eu é que agradeço por vocês viajarem junto comigo!
Um beijão!
Lindinha, q suspense! Mais, tudo bem...
ResponderExcluirDeus te abençoe e quero mais, hoje foi pouco, kkkkkkkkkkkk
bjs brasileiros, potiguares e lindinhos
kkkk... esses suspenses deixam tudo mais emocionante, lindinha!
ExcluirUm beijãaaooo
Fiquei até com medo de visitar a Bulgária depois do trem-terror. Você ficou bem pouquinho, foi só uma rota para Istambul? E curte muito a sua viagem, outra hora você responde a todos os comentários, a gente entende :D
ResponderExcluirkkkkkk... "trem-terror" definiu perfeitamente! A verdade é que eu realmente queria conhecer Sofia, não só por ser uma rota pra Istambul... Não rolou dessa vez, mas eu vou me "vingar" indo de novo e me divertindo horrooooores na Bulgária :P
ExcluirBeijão