sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Ciência sem Fronteiras

Oi, todo mundo!

Bom, como prometido, vou explicar um pouquinho pra vocês como funciona o programa que vai me levar pra viver esse sonho em Londres!

O Ciência sem Fronteiras é uma iniciativa do Governo Federal que tem o objetivo de "promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional". Estão envolvidos no programa o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Ministério da Educação (MEC), por meio do CNPq e da Capes (seus órgãos de fomento).

Até 2015, serão concedidas até 101 mil bolsas de estudo de Graduação e Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado), sendo 75 mil financiadas pelo Governo Federal e 26 mil pela iniciativa privada. Os países de destino incluem Portugal, Estados Unidos, França, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, e outros.

As informações a seguir são bem gerais mesmo! Está tudo detalhado no site do programa, o www.cienciasemfronteiras.gov.br.

Quem pode ir?
Os pré-requisitos básicos para se inscrever no Ciência sem Fronteiras são os seguintes:

-Ser brasileiro ou naturalizado;
-Estar regularmente matriculado em instituição de ensino superior no Brasil em cursos relacionados às áreas prioritárias do Ciência sem Fronteiras;
-Ter sido classificado com nota do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - com no mínimo 600 pontos;
-Possuir bom desempenho acadêmico;
-Ter concluído 20% do currículo previsto para o curso de graduação.

Conforme o tópico 2 diz, o programa estabelece um lista de áreas prioritárias. Se você cursa graduação ou pós-graduação em uma das universidades participantes e se seu curso se encaixa em uma das áreas abaixo, você já cumpre um requisito para ser candidato ao Ciência sem Fronteiras.

-Engenharias e demais áreas tecnológicas
-Ciências Exatas e da Terra;
-Biologia, Ciências Biomédicas e da Saúde;
-Computação e Tecnologias da Informação;
-Tecnologia Aeroespacial;
-Fármacos;
-Produção Agrícola Sustentável;
-Petróleo, Gás e Carvão Mineral;
-Energias Renováveis;
-Tecnologia Mineral;
-Biotecnologia;
-Nanotecnologia e Novos Materiais;
-Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais;
-Biodiversidade e Bioprospecção;
-Ciências do Mar;
-Indústria Criativa;
-Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva;
-Formação de Tecnólogos.

No meu caso, meu curso se encaixa dentro da área de Indústria Criativa.


O que faz o bolsista do CsF?
Basicamente, o aluno selecionado pelo Ciência sem Fronteiras vai continuar seus estudos no exterior, aproveitando as matérias como um incremento para sua graduação/pós-graduação. Além disso, em alguns casos é possível realizar estágios remunerados, desde que isso não interfira na rotina de estudos.

Ao aceitar a oferta da bolsa, o aluno também se compromete a ficar no Brasil por um período mínimo ao término do programa. No caso do meu edital, esse período é de um ano, mas esse número varia de acordo com o país de destino.

Dependendo do programa, também, o bolsista tem a oportunidade de passar por um curso do idioma local antes de iniciar suas aulas na universidade.


Quem paga a conta?
Quem é aprovado pelo Ciência sem Fronteiras pode passar de 12 a 15 meses estudando em uma das universidades que têm parceria com o programa, com tudo custeado pelo CNPq ou pela CAPES. Além da mensalidade da bolsa, eles também fornecem auxílio-instalação, acomodação, auxílio para compra de material didático, passagens aéreas e seguro saúde. Os valores variam de acordo com o país de destino, e estão detalhados aqui, é só clicar.


A Cesar o que é de Cesar
Com licença, que agora eu vou babar um pouquinho o governo brasileiro.

Pra quem não sabe, cursei meu Ensino Médio no IFRN, antigo CEFET. Foram 4 anos estudando lá, mas desde as primeiras aulas eu pude perceber a diferença da qualidade de educação oferecida pela escola. Quando entrei na universidade, essa marca foi ainda mais gritante. Vi que, em muitos aspectos, eu estava à frente de outros colegas que tinham vindo de outras instituições de ensino. No ano em que minha turma do CEFET fez vestibular, o índice de aprovação foi cerca de 85%!

Além de aluna, tive a honra de trabalhar no CEFET como bolsista e estagiária de comunicação entre 2005 e 2012, com poucos intervalos. Como repórter e apresentadora do jornal da escola, aprendi muito sobre a instituição, e a admiração que eu já tinha ganhou firmes fundamentos por estar mais a par de assuntos internos.

Gente, nosso país tem sim muitos problemas a serem resolvidos - e muitos deles na área da educação. É verdade que os níveis básicos ainda não estão recebendo tanto apoio quanto precisam, mas o crescimento na oferta e qualidade de educação profissional é uma realidade do nosso país. De 2005 pra cá, só no Rio Grande do Norte, o número de Institutos Federais cresceu de 02 para 19!

E quando, na história do Brasil, se viu um programa como o Ciência sem Fronteiras? É muito investimento, muita oportunidade! Imagine que impacto isso vai ter na educação do nosso país nos próximos anos...! É verdade, ainda tem muita coisa pra se fazer, mas não posso deixar de dar meu testemunho como alguém que acompanhou um pouco dos bastidores do investimento que se tem feito na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

Deixo pra vocês dois vídeos de reportagens que eu fiz com alunos do IFRN que também foram aprovados pelo programa Ciência sem Fronteiras. Fazer essas matérias foi inspirador pra mim, e espero que elas sejam assim pra vocês também :)


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pra chegar até aqui...

É uma tranquilidade vir aqui e dizer que passei, que eu vou, que está consumado. Mas gente, como diz a música, "você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui...". Preferi não dizer a muita gente que eu estava concorrendo a uma vaga no Ciência sem Fronteiras, por isso quase ninguém sabe de tudo que aconteceu ao longo dos últimos meses. Lá vai um pouquinho dessa trajetória:

A ideia
Alguns amigos já haviam falado sobre o Ciência sem Fronteiras (assunto do próximo post, com detalhes sobre o programa!). Cheguei a me inscrever pelo site uma vez, mas não dei continuidade ao processo porque me envolvi em outros planos. Em Agosto, quando voltei de Londres, decidi que voltaria pra lá de qualquer jeito. Só faltava uma oportunidade.
Na mesma semana, um aluno meu falou sobre um colega de faculdade que estava nos Estados Unidos, pelo Ciência sem Fronteiras. Sabe quando te dá aquele estalo interno, e tudo começa a fazer sentido? Cheguei em casa, liguei o computador e vi inscrições abertas para o Reino Unido. Maravilha, né?

O primeiro milagre
Além da inscrição pela universidade, é preciso fazer uma prova de proficiência em inglês (ou outro idioma, dependendo do país) para o programa. Entrei no site do British Council, por um dos computadores da Universidade, e vi que tinham inscrições abertas para o IELTS. No caminho de volta pra casa, comecei a conversar com Deus sobre como eu queria essa chance, mas deixando muito claro que, acima de tudo, a vontade dele fosse feita :)
Passaram uns dias, e quando eu fui realizar minha inscrição para a prova, vi que as vagas tinham acabado. Não fiquei nem perto de nervosa. De alguma forma, eu estava muito calma. Orei mais uma vez, confiando que aquela não era a resposta definitiva.
No domingo seguinte, dia 2 de setembro, eu estava deitada na minha cama - com enxaqueca, pra variar. Do nada (mesmo! porque não costumávamos tocar nesse assunto), mamãe perguntou sobre o exame, e eu disse a ela que tinham acabado as vagas. Comecei a me culpar por dentro, lembrando que durante a semana eu não tinha verificado nada no site.
Eu sabia que a próxima data disponível era 15 de setembro, e havia uma regra de que só se pode fazer a inscrição pelo menos 15 dias antes da prova. Ou seja, "game over". Disse a mamãe que não dava mais, mas ela não se contentou com essa resposta. Pegou o computador e pediu que eu abrisse o site.
Estava lá, gente. Vagas abertas para Campina Grande (bem pertinho aqui de Natal). Fizemos a inscrição ali mesmo, e mamãe falou: "Filha, Deus tem alguma coisa pra você com isso." E não é que tinha?!

Um porém
Fui até a Secretaria de Relações Internacionais da UFRN conversar sobre o processo. O Rannieri, que me atendeu, ficou super animado. Disse que meu IRA (Índice de Rendimento Acadêmico = notas) era excelente, e que como eu era professora de inglês as chances de ser aprovada eram muitas. Daí ele perguntou se eu tinha alguma bolsa em programas de iniciação científica. Quando disse que não, ele praticamente murchou: "Vixe... porque isso conta muito, sabe?".
E quando o negócio aperta é que eu gosto. Fui pra casa decidida a conseguir uma bolsa. Postei no Facebook que tava precisando, mesmo que não fosse remunerada. Uma amiga linda me indicou a um professor e em 15 minutos estava tudo resolvido. No dia seguinte, meu nome já estava cadastrado no sistema da UFRN como bolsista. Comecei a acreditar que isso era realmente pra mim...

Furando a greve
Um dos documentos que precisávamos preencher pedia nosso número de passaporte, que deveria ser válido até 2014, pelo menos. E o meu expirava em maio do ano que vem! Todo mundo sabe que pra agendar a emissão do passaporte na Polícia Federal leva pelo menos um mês. Mas eu definitivamente não tinha esse tempo.
A Secretaria de Relações Internacionais da UFRN me entregou um documento comprovando que eu tinha urgência na retirada de um passaporte. Entrei no portal da PF, agendei a retirada pra um dia qualquer, paguei o boleto e fui pra Polícia na cara e na coragem.
Cheguei lá e vi uma faixa gigante, amarela: Polícia Federal em greve. "Que maravilha!", eu pensei. Mas não me detive. Entrei, e uma moça me perguntou se eu tinha agendado. Disse que sim (cara de pau!) só que láaaa pra dali a um mês.
- Mas minha filha, você não viu que a gente ta em greve? - disse ela. - Tem pouco atendente aqui pra muita demanda, a gente não pode sair encaixando ninguém, e bla bla blaaaaa...
Daí eu reuni toda a minha coragem:
- Moça, eu não posso perder a chance da minha vida por causa de um agendamento, ou por causa de uma greve. Eu vou estudar no exterior ano que vem. Por favor, tira meu passaporte!
E o final foi feliz: em dois dias já estava com o número do documento em mãos :)

O peso de um nome
Eu diria que 99% das pessoas que me conhecem acham que eu estudo Jornalismo. Mas por favor, não. O nome do meu curso (que amo, por sinal!) é Rádio e TV. Existe, porém, uma outra nomenclatura mais antiga, que a UFRN ainda adota: Radialismo.
Das poucas vezes que disse às pessoas que eu estudava Radialismo, ouvi algumas atrocidades do tipo:
- Ah, é tipo aquele negócio de tirar Raio X?
Radialismo se refere ao serviço de radiodifusão, que é prestado pelos veículos de comunicação como rádio e tv. Mas perdi a paciência de explicar isso pras pessoas, e digo logo que faço Rádio e TV.
Quando a Secretaria de Relações Internacionais traduziu meu histórico, o nome do curso ficou como "Radialism". Pesquisei na internet e vi que esse termo praticamente não existe em inglês, e não é usado na área acadêmica. Fiquei com medo de isso se tornar um problema no processo. Vasculhei a internet em busca de um documento do Ministério da Educação confirmando que Radialismo e Rádio e TV são a mesma coisa. Imediatamente mandei um email pra SRI, pedindo a alteração no nome do meu curso.
O resultado: eu sou a única pessoa na UFRN que oficialmente estuda Rádio e TV, e não Radialismo :D


Bom, o processo de inscrição foi oficialmente encerrado no dia 01 de outubro. De lá até dia 12 de novembro, quando recebi o resultado, vivi à base de muito chocolate pra deter a ansiedade. Foi difícil demais esperar, mas quando li o email dizendo que fui selecionada, parece que todo o nervosismo foi embora. É sempre maravilhosa a sensação de um sonho se tornando realidade, né? E eu to assim, nas nuvens...

Beijo e até mais!
~ Faltam 46 dias

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Surpresaaaaa!

Tá. Eu já sei o que você vai dizer: que eu não paro quieta, que eu não sossego, que eu estou sempre inventando moda. E eu admito não tenho nada pra usar como desculpa. A verdade é que desde que comecei a ver o mundo com meus próprios olhos, eu tenho aprendido muito sobre mim. E uma dessas lições é que eu sou movida a desafios.

Há algum tempo eu já vinha me sentindo um pouco desmotivada com a rotina aqui em Natal. Amo (de verdade) meu trabalho, mas eu sempre soube que não iria ficar lá pra sempre. E a UFRN... ah, a UFRN... sonho e pesadelo! Adoro o curso que escolhi (Rádio e TV), mas preciso de mais do que os professores e a faculdade em si me oferecem.

Em 13 de agosto deste ano eu estava a caminho do aeroporto com minha amiga Elize, depois de passarmos 10 dias maravilhosos em Londres trabalhando como blogueiras da Samsung para as Olimpíadas (conto tudo aqui). No carro, conversávamos sobre como era triste ter que voltar para a rotina e a vida real. Ela disse que queria muito morar em Londres. E eu lembro de ter falado que não estava acostumada com cidades muito grandes, e completei dizendo: "mas adoraria ter uma experiência de um ano, por exemplo, sem me mudar definitivamente".

E aqui estou eu pra dizer que, na inocência daquelas palavras, Deus me ouviu. A partir de Janeiro de 2013, a terra da rainha Elizabeth II será a minha nova casa! Fui selecionada pelo programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal, para estudar Cinema na Universidade de Roehampton, em Londres, durante um ano!

Minha gente, a alegria não cabe em mim.

Minhas atividades no Reino Unido começam dia 3 de janeiro! Até lá, é arregaçar as mangas e preparar tudo o que preciso pra esse ano fora de casa :) Nos próximos posts, vou contando pra vocês como tudo aconteceu pra que eu chegasse até aqui. E que comece a contagem regressiva: Londres, aí vou eu!

Em frente ao Palácio de Buckingham, em agosto deste ano!
Mal sabia eu o que estava por vir...