quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Quase virar comida de peixe...e outras aventuras

Oi, todos!

Finalmente, vim contar o final da minha saga pelas Irlandas. Se o passeio por Dublin e Belfast foi lindo e doce, a volta foi muito, mas muito amarga! Pelo título já deu pra ver que é novela mexicana, né?

Ainda era o dia do meu aniversário, e eu queria encerrar tudo perfeitamente. Fiz meu check-in online e imprimi o cartão de embarque quando ainda estava em Londres - e como eu sabia que entre Dublin e Reino Unido não precisa de checagem de passaporte, fui direto pro portão de embarque.

Depois de tanto tempo viajando pra lá e pra cá, tem umas coisas que não têm mais a mesma importância que antes. É uma mudança de "estratégia", na verdade. No início, eu lembro que sempre que chegava no portão de embarque, corria pra ser uma das primeiras (quando não a primeira!) a entrar no avião. Pra não ter que enfrentar fila e também pra começar a descansar mais rápido - sim, eu sou do tipo que dorme que nem um bebê em qualquer voo, e a qualquer momento do voo. Lembro que quando voltei da Europa pela primeira vez, em 2008, minha irmã não me perdoou porque eu dormi antes da decolagem e não segurei a mão dela.

Mas ultimamente eu tenho estado muito mais desencanada, e minha estratégia é a oposta: sendo perto do portão de embarque, e quando a fila acabou e a última pessoa está saindo, eu me apresento. Lá estava eu, sorridente e serelepe, aproveitando as primeiras horas dos meus 23 anos, quando o comissário olhou pro meu cartão de embarque e disse que eu não poderia entrar no avião.  Fiquei verde, amarela, azul e branco, porque eu nunca tinha perdido um voo na minha vida. Estava me recusando a acreditar. Pior ainda foi o motivo: a Ryanair, companhia com a qual eu viajaria pela primeira vez, exige que cidadãos não britânicos ou europeus se apresentem ao balcão de check-in mesmo que já tenham feito pela internet. Ninguém vai me convencer de que isso faça algum sentido, mas o fato é que a informação estava sim no cartão de embarque, e eu realmente não prestei atenção. E pensar que naquele mesmo dia eu estava me orgulhando mentalmente por nunca, em 26 países, ter perdido um voo... foi um tapa na cara!

O comissário teve a bondade de me dizer que eu poderia remarcar o voo para a manhã seguinte (o primeiro sairia por volta das 8 da manhã) se eu fosse até o balcão... que fecharia... em. quinze. minutos. Quinze minutos!!! E você não tem noção da enormidade daquele aeroporto! Fora que, sendo a Ryanair a companhia mais barata que existe, os portões de embarque deles são sempre no bairro onde o vento faz a curva, duas ruas depois de onde Judas perdeu as botas. Corri que nem uma doida! É claro que todas as lojas já estavam ou fechando ou fechadas, e havia uns dois gatos pingados no aeroporto. Chegar até um portão de embarque geralmente é fácil, mas sair é uma tortura. Até porque é um caminho "errado". Em situações normais, você não desembarca pelo mesmo lugar onde entrou, mas eu não tinha opção.

Entrei e saí por todos os corredores que tinham o sinal de saída. Dei voltas pelos mesmo lugares incontáveis vezes, dei de cara com corredores sem saída incontáveis vezes. Depois de perguntar a umas duas pessoas como sair e receber respostas do tipo "vira pra direita e depois pra esquerda" e quebrar a cara, eu já estava desesperançosa. Até que resolvi tentar a sorte com um tiozinho da limpeza que não parava de olhar pra mim - provavelmente por causa da minha cara de desespero e minha respiração ofegante que dava pra ouvir do outro lado do mundo. Ele foi me apontando o caminho e finalmente, quase quarenta e cinco minutos (isso, 45!) depois, eu estava no balcão da Ryanair. Que, obviamente, estava fechado.

Resolvi que eu não me estressaria. Era o meu aniversário! Tudo que eu precisava era parar pra pensar e analisar minhas opções. E aqui fica meu registro de admiração eterna pelos viajantes do tempo pré-internet. Aplausos pra eles! O que seria de mim se não fosse o Wi-Fi de graça do aeroporto, me permitindo ver quais eram os próximos voos? Cogitei milhões de possibilidades, e o que me pareceu mais razoável foi voltar para Belfast. Explico: como Belfast fica na Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, seria mais fácil usar meu cartão e o celular. Estando em Dublin, que já é União Europeia, eu teria que transferir dinheiro entre minhas próprias contas (e, logo, pagar taxas altas) e meu celular continuaria em roaming. Decidido: voltar para a terra de Beth!

Peguei um ônibus que saía do aeroporto mesmo. Era quase meia noite do domingo - horário em que eu deveria estar chegando em casa! Depois de um pouco mais de duas horas, lá estava eu de volta. No momento em que desci do ônibus no meio da rua (porque a estação estava fechada) e dei de cara com uma rua vazia, já pude imaginar duas grandes orelhas peludas crescendo pela minha cabeça. Burra! Burra, burra, burra! Como eu não pensei que, às duas da manhã, esse seria o cenário que encontraria? Chegando na avenida principal, deu uma piorada: a rua tinha um pouco mais de movimento, mas achar uma pessoa sóbria era praticamente impossível. Os bêbados disputavam os taxis, e tudo que eu queria era não ser notada.

A estação abriu um pouco depois para a chegada do ônibus que me levaria até o aeroporto de Belfast City - de onde um voo para Londres sairia às 6:50. Na hora marcada, chegou um ônibus com o letreiro luminoso Dublin via Airport. Beleza. Mesmo assustada com o preço da passagem, entrei nele! A essa altura eu tinha me preparado psicologicamente para pagar o que fosse preciso pra chegar em casa! Já estava sentada quando olhei pela janela e vi um ônibus com o nome Airport express. O reconheci como o mesmo que peguei quando cheguei no aeroporto de Belfast, vindo de Londres. Daí veio um estalo. Peguei minha mochila e conformei com o motorista do ônibus onde eu estava:

Eu: Este é para Dublin via aeroporto, né?
Motorista: É.
Eu: Aeroporto Belfast City, certo?
Motorista: Não. Aeroporto de Dublin.

Desculpe mãe, desculpe pai, mas nessa hora eu soltei um sonoro SHIT! Perguntei pro motorista se tinha alguma chance dele me devolver a fortuna que paguei... e ele disse que não. Quase que sai outra palavra feia! Corri pro ônibus certo, tentando me acalmar, e fui logo perguntando pro motorista.

Eu: Este vai para o aeroporto, né?
Motorista: É.
Eu: Aeroporto Belfast City, certo?
Motorista: Não. Aeroporto Belfast International.
Eu: Como assim? E o Belfast City?
Motorista: Está fechado.

Adivinhem que palavrinha mágica saiu da minha boca novamente? Aquela mesmo! Foi inevitável! Percebendo minha cara de sem chão, o motorista do primeiro ônibus veio até mim pra devolver meu dinheiro. Eu devia estar mesmo parecendo um cachorro pidão! Os ônibus partiram e... tcharam... a estação fechou mais uma vez! Isso significa que eu teria que esperar na rua. Ah, já falei que meu celular tinha 10% de bateria, eu estava de vestido, morrendo de fome e morrendo de frio? Pois é :) Tudo perfeito!

Na rua, me esforcei pra me concentrar num plano B. Pensei em voltar pra um albergue, descansar e resolver isso no dia seguinte. Cheguei a ligar pra um e tentar pegar um taxi, mas os amiguinhos bêbados dominavam todos, e os taxis àquela hora só podiam ser pegos com reserva. Pensa, pensa, pensa! Um beijo para minha memória fotográfica que se lembrou de ter visto um voo saindo do Belfast International às 7 da manhã. Não querendo gastar a bateria do celular rápido, entrei rapidinho na internet só pra confirmar. Depois de mais 1 horas de espera - e a essa altura já eram 3 da manhã - chegou o ônibus de novo. O motorista me recebeu com uma risadinha: "Você por aqui de novo?". Não fiquei nem chateada, porque era tão trágico que estava realmente cômico.

Chegando no aeroporto, tratei de encontrar uma tomada, sentei no chão e comprei minha nova passagem pelo celular. Com uma dor no coração, diga-se de passagem. Ela custou quatro - repita comigo: four, vier, أربعة, 四, QUATRO vezes mais do que o preço que eu tinha pago originalmente. Antes de viajar, tinha feito umas contas e tava super feliz por ter conseguido suar a camisa e guardar a punho cerrado 130 libras para a próxima viagem. Num clique, foi tudo embora. Por dentro, eu dizia pra mim mesma, "chegar em casa vale qualquer dinheiro!".

Algumas horas depois o check-in abriu, e é claro que eu fui pro balcão dessa vez. Dei uns pulinhos internos de alegria ao ver que o agente da Easyjet tinha me colocado em um assento na janela. "Estou com sorte", eu pensei. Me deu um alívio enorme quando passei pelo portão de embarque. Meu assento estava numa saída de emergência. Maravilha, mais espaço para as pernas! A essa altura, há quase 24 horas sem dormir, desmaiei de sono no segundo em que entrei no avião.

Não me lembro de nada além de começar a sentir o avião pegando velocidade na pista, prestes a decolar. De repente, uma freada brusca, e os burbirinhos de conversa foram substituídos por alguns gritos e barulhos de susto. Como meu sono era maior que tudo, voltei a dormir. Senti o avião andando mais um pouquinho, em baixa velocidade, e logo depois fui acordada pela voz do piloto pedindo desculpas e dizendo que freou porque havia notado algo diferente com seu computador e que os engenheiros logo estariam ali pra resolver o problema.

Apaguei de novo, só acordando com um novo anúncio do piloto, que deve ter vindo uns 15 minutos depois. Ele dizia que o voo realmente teria que ser cancelado e que todos deveriam retornar ao portão de embarque. Mais informações seriam dadas lá dentro. Fiquei mais chateada por ter que acordar do que pelo cancelamento do voo. Eu estava um zumbi! Pouco depois de entrarmos no aeroporto novamente, um funcionário da Easyjet anunciou que havia sido encontrado um problema no motor que impediria o avião de funcionar corretamente, e que ele estava - nas palavras dele - inserviçável. O que meu cérebro processou foi: "o avião ia cair, você ia morrer". Porque de fato, era isso que ele queria dizer.

Esta seria a primeira vez em que eu ia me sentar na saída de emergência. Eu fiquei imaginando o caos começando a acontecer e eu tendo que fazer alguma coisa além de dormir, morrer do coração ou gritar junto com todo mundo. Depois de alguns segundos de choque, só restou uma gratidão enorme a Deus - principalmente pela sabedoria do piloto!

Foram mais quatro horas de espera e muita enrolação até finalmente embarcarmos de novo - em outro avião, claro! A primeira coisa que fiz? Pedir pra comissária de bordo pra eu sentar em outro lugar, que não fosse saída de emergência. Acabei ficando com uma fileira só pra mim! Melhor assim, pelo menos não corria o risco de deitar ou babar em ninguém. Mas a essa altura do campeonato eu estava tão tensa que não consegui dormir de verdade... só pensava em desembarcar logo na minha Londres!

Chegando no aeroporto de Gatwick, o ônibus até o centro da cidade já estava lá esperando. O trajeto durou mais de uma hora, mas a tensão novamente não me deixou dormir. Ao chegar na estação de metrô, estava tudo simplesmente lo-ta-do. Só depois descobri que era por causa do carnaval que estava acontecendo em Notting Hill. Preferi não pegar o metrô. Acho que meu humor maravilhoso seria mais ameaçador à multidão do que ela a mim. Fora isso, meu cartão de passagem não estava carregado e a fila das maquininhas estava dando a volta em Saturno. Não tive opção além de encarar mais uma hora de ônibus.

Finalmente cheguei em casa perto das 18h, há quase 34 horas sem dormir. Se me pedissem pra somar dois com dois, eu provavelmente não saberia. Com um olho aberto e outro fechado, tomei um banho, e logo em seguida caí na cama! Acordei dezessete horas depois, com a sensação de que um trem tinha passado pelas minhas costas.

Passei a segunda-feira completamente zonza, pra de noite ser surpreendida com... BOLOOOO!!! Sim, meus amigos lindos do apartamento fizeram um bolo de chocolate ma-ra-vi-lho-so e cantaram parabéns pra mim!
A foto ta péssima, mas o bolo tava uma delícia!
Arrasou, Vanessa amigonaaa!
E assim eu comecei meus 23 anos. Que os próximos dias também sejam cheios de aventuras... mas de categoria mais leve, por favor!

Beijo, gente! Tô vivaaaaaaa!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dublin: sem duendes, com amigos

Oi, todo mundo!

Ontem paramos na minha saída de Belfast, né? Pois bem, isso foi na quinta-feira à tarde. Peguei um ônibus e em menos de 2h30 já estava lá. Realmente é incrível como em tão pouco tempo, mesmo por estrada, você já está em outro país. Passava um pouquinho das 16h quando eu cheguei em Dublin, capital da República da Irlanda.

Já comecei tendo uma ótima impressão de lá. Eu já sabia que os irlandeses tinham fama de bem educados, mas ainda assim fiquei surpresa quando, ao perguntar a um segurança da estação de ônibus como chegar até o lugar onde eu tinha marcado com meus amigos, ele simplesmente saiu e me acompanhou pela rua até que o ponto fosse visível e não tivesse como errar! Fofo! Caminhei um pouco pela O'Connell Street, o dia estava lindo! É lá que fica a Spire, que é um dos principais pontos turísticos da cidade.


Eu estava sim animada pra conhecer Dublin, mas o coração tava batendo forte mesmo era por reencontrar amigos que há oito anos eu não via! Eles foram meus professores de inglês e nossas famílias ficaram bem próximas, mas pouco depois eles se mudaram pra Dublin. Vê-los novamente, junto com seus filhos, foi uma alegria! O ponto alto da visita, com certeza!

Como já cheguei lá no final da quinta, só deu tempo de colocar a conversa em dia e ir matando um pouquinho da saudade mesmo. Eles me deram dicas do que ver no dia seguinte, na cidade, e na sexta-feira de manhã eu estava de pé e preparada pra conhecer Dublin! Choveu simplesmente o tempo to-do. Sem descanso. Estava com um tênis que se comporta como esponja em contato com a água. Passei o dia inteiro com uma poça em cada pé, mas nada derrubou meu humor pra conhecer Dublin!

A cidade era maior do que eu esperava, pra falar a verdade. E é claro que em um dia só não deu pra ver taaaanta coisa assim, mas gostei muito de tudo o que vi! A capital irlandesa tem uma coisa que eu adoro: ruas de pedestres. Acho isso o máximo! A principal lá é a Grafton Street, que dá direto no parque Stephens Green, que é lindão! Essa é a área mais tradicional da cidade, com construções bem bonitas e museus também. Fui no Museu Nacional por recomendação dos meus amigos, e realmente é muito bonito por dentro, com muitas peças de arte celta e relíquias do mundo inteiro! Pena que o tempo foi pouco!


Depois dessa caminhada inicial, de ver o museu e dar a volta no parque, parei pra almoçar em um restaurante chamado Café en Siene, também por recomendação deles. Por fora, você não dá muito pelo lugar. Mas por dentro...! Minha nossa! Eu não costumo nem me atrever a entrar em restaurantes que pareçam caros, mas como essa era minha viagem de aniversário, achei que poderia me dar a esse luxo só dessa vez! E a verdade é que nem foi caro, considerando a qualidade do lugar e do que comi. Quando eu voltar pra Dublin, com certeza vou querer passar lá de novo!


Com a barriga cheia e a chuva ainda caindo, continuei a andar pela cidade. Já mencionei que tinha esquecido o guarda-chuva em casa? Bem a minha cara :) Imagino que Dublin seja linda quando está ensolarada, mas ainda assim valeu a pena andar pela cidade debaixo do céu cinza!


[não tirei tantas fotos com minha câmera porque fiquei preocupada por causa da chuva... tem mais no meu celular, mas a preguiça de descarregas está falando muito, mas muito alto! :D]

Voltei para a casa dos meus amigos e à noite fomos todos assistir The Heat, que acho que em português saiu como As Bem Armadas. É um comédia-ação com Sandra Bullock, e eu ri hor-ro-res. Sério! Eu, meus amigos e o cinema inteiro. Fazia um tempinho que eu não ia ao cinema tradicional, e foi ótimo fazer isso em Dublin e em ótima companhia.

O tempo voou e já era sábado, dia do meu aniversário! Desci para tomar café da manhã e encontrei um bolo lindo me esperando! Muuuuito paparicada!!! Meus amigos me levaram pra fazer um programa que eu adoro: andar de bicicleta no parque! Fomos ao Phoenix Park, alugamos bicicletas e passamos umas horinhas pedalando e curtindo o verde e a paisagem. Apesar de ser um parque urbano, o Phoenix é imenso e tem até veados lá dentro! É difícil acreditar que você está dentro de uma grande cidade estando lá.


À tarde almoçamos na casa de uns amigos dos meus amigos, também brasileiros. Com forró pé-de-serra tocando e conversas bem verde e amarelas, além de ótima comida, eu me senti realmente em casa. Foi tudo uma delícia! Na volta, falamos pelo Skype com minha família e cantamos um parabéns pra você no estilo Brasil-Irlanda. É claro que nada substitui a presença física, mas nesse primeiro aniversário longe da minha família, a distância foi pouco sentido - tanto por eu estar em boa companhia quanto porque a internet deu uma aproximada boa!


E logo depois disso, já era hora de voltar pra casa... Não vi duende, trevo de quatro folhas, não teve arco-íris pra eu correr até o final e encontrar um pote de ouro, mas Dublin com certeza tá na lista de lugares aos quais eu quero voltar! E se eu gostei das Irlandas, acho que elas gostaram ainda mais de mim. Porque sair de lá foi uma verdadeira novela! Mexicana! Amanhã conto minha saga pra conseguir voltar pra terra de Beth.

Um beijo e até lá!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Belfast, nas coordenadas do Titanic

Antes de mais nada - até do "Oi" - quero dizer que este é o meu primeiro post de 23 anos de idade! Uhuuuullll! Meu aniversário foi no último sábado, dia 24 de agosto! Passei um dia mega feliz em Dublin, na Irlanda. Foi a primeira vez que comemorei meu aniversário longe da minha família, mas depois conto pra vocês como a gente deu um jeitinho de se sentir mais perto nesse dia :)

Como já falei por aqui, minhas viagens têm sido bancadas por mim mesma! Pelo que eu tenho economizado da bolsa e com algumas economias que eu já tinha no Brasil. Mas esse último passeio foi diferente. Ganhei as passagens e o dinheiro para acomodação como presente de aniversário dos meus pais! Eles sabem a filha que têm, sabem que não há presente melhor pra mim do que estar no mundo! Então, papai e mamãe, muuuuito obrigada! <3

Dessa vez, meu roteiro foi por lugares bem pertinho daqui: a ilha Irlanda - República da Irlanda e Irlanda do Norte. Sim, existem dois países lá! São duas nações separadas que dividem a mesma ilha, e somente a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido. A República declarou sua independência em 1916. E como minha viagem começou na Irlanda do Norte, posso dizer que até lá eu ainda estava na terra de Beth :) E vamos ao relato!

Na terça à noite, arrumei minha mochila e estava toda pronta às 19h. Ótimo, tudo dentro dos planos! Como eu tinha que estar na parada de ônibus às 4 da manhã, daria tempo de dormir e descansar pra viagem. Que. Nada. Deitei na cama, morta de cansada, mas a cabeça a mil por hora e as doses exageradas de café que eu tinha tomado durante o dia não me deixaram dormir. Peguei no sono depois de 1 da manhã, e duas horinhas depois lá estava o relógio apitando. Com um olho aberto e outro fechado, pulei da cama, tomei um banho e coloquei o pé na estrada. A rua era toda minha...


Pra ir até o aeroporto, peguei um ônibus da Easyjet que levava mais um menos uma hora pra chegar lá. Não consegui pregar os olhos por causa de uma criança que não parava de chorar. E está decidido, meus filhos vão tomar maracugina (ou jina?) antes de viajar SEMPRE. Vai ser em chá, em pílula, em injeção, escondido na mamadeira... quero nem saber o método, mas que vai acontecer, VAI!

Bom, cheguei lá com bastante tempo pro embarque. Depois que entrei no avião e coloquei o cinto, não me lembro nem de ter visto os comissários de bordo apresentando os procedimentos de segurança (sim, eu sempre tento prestar atenção porque acho mega desrespeitoso ignorar, mesmo já tendo andado de avião infinitas vezes). Eu simplesmente capotei de sono. A próxima imagem que me lembro é acordar com a cabeça pendurada pro lado esquerdo, em direção à mulher que estava do meu lado. Eu espero mesmo não ter encostado - ou pior, babado! - nela. Mas se eu fiz isso, tia, onde quer que você esteja, me perdoe!!!

Desembarquei, peguei o busão pro centro da cidade e depois andei que nem uma condenada pra chegar no meu albergue - o Global Village. Não que ele fosse longe da estação onde eu estava, mas meu sono parece ter afetado terrivelmente minha capacidade de ler mapas, e eu dei quase duas voltas em torno do sol pra conseguir chegar lá. Por ter chegado muito cedo, não consegui fazer o check-in logo. Deixei minhas malas e fui bater perna! Passando no Mc Donald's antes, claro, porque ninguém é de ferro. 

Eu sempre faço um "reconhecimento de terreno" antes de ir de fato ver alguma coisa. Andei ser rumo por lugar nenhum, olhando placas e pessoas, até perceber que uma palavra se repetia em praticamente todas as esquinas: Titanic. Eu tinha lido alguma coisa relacionando Belfast ao navio antes de vir pra cá, mas não tinha me dado conta de que a relação era mais estreita do que eu pensava. Não me julguem, amiguinhos, eu não sabia que o Titanic tinha sido construído lá!

Fui para o museu do Titanic - o Titanic Experience, e quase que não saía de lá! Enorme e com muita coisa pra ver. Antes tudo, fui até a antiga doca onde ele ficou ancorado e onde seu acabamento foi feito. O negócio era gigante demais! Deu pra ter uma ideia mais viva do que era o navio na sua escala real...

Na casa de máquinas! Se eu estivesse no comando, nada daquilo
teria acontecido! Tenho cer-te-za!
Nada além de teias...
De lá, fui para o Titanic Experience para uma visita guiada. Raramente faço isso, mas eu fiquei realmente curiosa sobre tudo ali. Eu sabia que a história era legal, mas nunca fui uma grande fã do filme. Mas estando lá, no berço do Titanic, deu uma vontade grande de conhecer mais sobre a história do navio, das pessoas e da cidade por trás dele. Acabei descobrindo que Belfast era tida como uma das cidades mais modernas no início dos anos 1900, e muito avançada principalmente na construção naval!

Além de falar muito de Belfast e da sociedade da época, o Titanic Experience dá muitos detalhes sobre os eventos relacionados à construção do navio, ao acidente e o que aconteceu depois dele. E tanto quanto possível, dá ênfase à vida de alguns personagens. Foram 1517 que pessoas morreram naquele 15 de abril de 1912, o o número em si já é dramático. Mas é claro que, quanto mais pessoal a história se torna, mais trágica ela fica. Já podem me imaginar choramingando pelos cantos, né?

Mas o pior de tudo, gente, foi ler os painéis com a reprodução das mensagens enviadas e recebidas pelo Titanic a outros navios, tanto antes quanto depois da colisão com o iceberg. Não foram poucas as tentativas de alertar sobre o perigo, e este diálogo que chamou a atenção particularmente:


- Estamos parados e cercados por gelo.
Californian, navio que estava próximo, para Titanic.

- Cale a boca! Você está congestionando meu sinal.
Estou trabalhando no Cape Race.
Titanic para Californian.

O que dói é o fato de que esse diálogo aconteceu cerca de 30 minutos antes da colisão. Em menos de 3 horas, era o fim pro Titanic.


É claro que agora não adianta nada ler isso e querer morrer de raiva. Já aconteceu. Mas a arrogância desse capitão me deixou com a cabeça fervendo por umas horas, e pensando se uma resposta mais gentil não poderia ter mudado o curso da história... Enfim, né? Além do conteúdo incrível, o museu é muito bem cuidado e super interativo. Está recomendadíssimo pra quer for pra Belfast! E amantes do Titanic... não percam isso por n-a-d-a!

Réplica da doca
Simulador de um estaleiro, super legal!
O navio número 401 da White Star...
Réplica de um quarto de primeira classe.
Abaixo, terceira e segunda classes
Pequeno cinema para falar sobre as explorações
marítimas relacionadas ao Titanic.
Saindo de lá, dei mais uma andada pela cidade, mas a verdade é que a esse ponto minha cabeça já estava estourando dos meus chorinhos e da falta de sono principalmente! Fui ao albergue tomar um banho e saí pra comer alguma coisa. Meu nariz me guiou a um restaurante de comida mexicana, e eu fui dormir de barriga cheia e chateada comigo mesma por ter visto tão pouco da cidade em si. Mas eu sabia que era ou o descanso ou um segundo dia de péssima qualidade, me perdoei e dormi.

Com as experiências de viagem, tenho aprendido a me respeitar muito e entender meus limites. Não adianta forçar a barra se isso vai comprometer sua qualidade de vida. E atendendo a isso, no dia seguinte eu estava sem dor e super animada pra ver tudo o que fosse possível naquelas horinhas que me restavam - já que no início da tarde eu iria para Dublin!

Andei o máximo que pude, respirando o ar de Belfast, observando as casas e as pessoas (leia-se "ruivos lindos e maravilhosos que passavam por mim"). Visitei o Jardim Botânico e o Ulster Museu, que é o Museu Nacional. Tudo lindo demais! Fiquei encantada principalmente com o jardim, já que amo fotografar flores!


Bom, depois de andar o máximo que pude, repeti a dose de mexicano, voltei pro hotel pra me trocar e terminar de arrumar as coisas e já era hora de dar adeus a Belfast e deixar a Irlanda do Norte para trás. Saí de lá com vontade de voltar... e isso acabou realmente acontecendo! Mas essa é um história para depois, porque ainda tenho que contar como foi Dublin!

Até amanhã então!

Beijos!