segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Me belisca, que tá chegando...

Sabe o que é acordar com a ideia de que amanhã você vai estar vivendo uma nova vida, assim, como num passe de mágica? Ok, ok, o processo pelo qual eu passei não tem nada a ver com essa expressão. Foram tantas unhas roídas, tantos cabelos perdidos, choros e ataques de raiva, vontade de mandar todo mundo sumir da minha frente, de agarrar no pescoço de muitos atendentes de telefone e um frio na barriga que cada hora queria dizer uma coisa: ansiedade, alegria, nervosismo, emoção...

Mas agora, quando minha contagem regressiva marca apenas o número 1, tudo parece ter sido tão lindo e fluido! A realidade de que o processo de preparação terminou e que agora eu vou viver o sonho me faz esquecer das tantas vezes que quis arrancar os cabelos por causa do Ciência sem Fronteiras.

Deus é muito lindo e paciente comigo. Por que é que eu ainda ouso duvidar que as coisas vão dar certo, hein? Não dá pra explicar tanta insegurança na vida de alguém que tem experimentado todos os dias o favor dele... Eu tava quase rasgando as roupas até semana passada porque meu visto não chegava de jeito nenhum! Mas na quinta-feira da semana passada... tchraaaaam... ele estava lindo e loiro no aeroporto, esperando por mim. GENTE, para tudo, EU TENHO UM VISTO, okaaaaayyyy? Estou horrível na foto, mas quem liga pra isso???


Ah! Tenho que deixar aqui um agradecimento cheio de amor à minha família do Rio, em especial a minha prima Fran e meu tio Carlinhos, que se viraram nos 30 pra me levarem até o consulado e depois pra fazerem esse visto chegar aqui a tempo. Vocês são demais!

Bem, fora o estresse de esperar o visto, os últimos dias também foram de momentos muito felizes. Eu não quis organizar nenhuma despedida, porque sei que tenho as emoções meio tronchas. Quando to triste, por exemplo, eu não fico aquela pessoinha meiga que chora baixinho pra ser consolada... eu viro praticamente um cavalo, de tão doce. Daí, por amor à minha vida e à dos meus amigos, eu preferi não chamar nada de "despedida" - foram só algumas confraternizações com pessoas que realmente fazem a diferença pra mim!

Revi o pessoal do estágio que deixei no meio do ano, me encontrei com minha turma maravilhosa do Ensino Médio, fui jantar com amigos celebrando 10 anos de amizade e minhas grudinhas Tacy e Xu me levaram pra uma tarde gordelícia pra comer ginga com tapioca na praia, com direito a sorvete depois! Quer melhor do que isso?


Também tive um Natal muito feliz com pessoas que amo demais. Fora a alegria que foi ter minha irmã aqui com a gente. Ela ta morando na Suíça agora, e passou aqui só pra fazer a gente sorrir e já foi embora. Finalmente conseguimos ter a família Augusto completa novamente!


Minha preparação também envolveu muitas idas ao médico um "tapa no visu". Resolvi fazer mais uma mechinhas, porque esse negócio de ficar loira é realmente viciante! Eu simplesmente não suporto salão de beleza, mas me submeti a duas manhãs inteiras de tortura e acabei gostando do resultado final.


Bom, eu sei que é difícil de explicar, mas apesar de ser uma pessoa bagunçada, eu gosto de me organizar. Amo planilhas, tabelas e gráficos me dizendo o que fiz, o que devo fazer, quanto gastei, enfim. Daí fiz um calendário gigante com compromissos e coisas que eu tinha que resolver antes da viagem e colei na parede do meu quarto. Foi ótimo conseguir visualizar tudo sempre antes de dormir e saber como seria o dia seguinte. No final, deu tudo certo :)


Ok, QUASE tudo certo! O que eu não consegui mesmo foi terminar de arrumar minha mala. Gente, o que é isso? Acho que nunca senti tanta preguiça em toda a minha vida... No primeiro dia eu tava com a corda toda, aí tirei tudo do meu armário pra ver se arrumava mais rápido. Agora me pergunte se eu consegui acabar! Que nada! Eu sei que isso é muito cara de pau da minha parte, mas vou compartilhar o drama do meu quarto com vocês neste momento:


Mas pelo menos não podem dizer que não avisei :D


Bom, acho que é só... Espero que vocês tenham um lindo último dia do ano, e que em 2013 possam colher todas as coisas boas que plantaram!

Nos vemos amanhã, em um novo ano, cheio de sonhos e cheio de realidade!

Beijo

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O fator Inglês

Como já mencionei aqui, um dos requisitos para eu ter conseguido minha bolsa foi comprovar que falo inglês. Nos editais, cursos e mesmo experiências no exterior não valem. É preciso fazer um teste de proficiência. Não sei quantos existem disponíveis por aí, mas os mais aceitos e requisitados por universidades e programas de intercâmbio são o TOEFL e o IETLS. A está basicamente no órgão que realiza as provas. O IELTS, que é o que eu fiz, é uma prova da universidade de Cambridge, e trabalha com inglês britânico.

Estudei em uma escola de inglês americano durante 7 anos, e fui professora por outros 5. Ainda não me sinto totalmente confortável com inglês britânico, até porque não havia tido contato quase nenhum com ele até o meio deste ano, quando visitei Londres. Sendo assim, fazer o IELTS foi muito mais uma questão de conveniência do que livre escolha, já que as datas para o TOEFL estavam esgotadas. Aliás, já contei aqui no blog como conseguir uma vaguinha no IELTS foi uma coisa milagrosa. Tá no post Pra chegar até aqui.

A prova não é difícil. Definitivamente. A única coisa que complica o IELTS é o tempo. A prova é complexa, mas muito corrida. Ela é dividida em 4 modalidades: prova escrita, oral, de compreensão auditiva e de texto. Achei a oral e a de compreensão auditiva bem tranquilas mesmo, mas tive que correr muito pra conseguir terminar as duas outras.

Ok, mas depois de três parágrafos, quero dizer que o teste de proficiência não é exatamente o tema central do post. Queria falar como fiquei impressionada em ver as pessoas perdendo os cabelos por terem que fazer uma prova de proficiência em inglês. Isso reflete o quanto o ensino de língua estrangeira do nosso país ainda está longe de ser colocado no rol das prioridades da Educação. 

Nas vezes que fui à Europa ou estive com Europeus, sempre acabei sendo questionada sobre onde aprendi inglês. Quando respondo que paguei 7 anos por um curso fora da escola, as pessoas ficam realmente perplexas, sem acreditar. E se eu faço a mesma pergunta pra eles, a resposta é uma só: “aprendi na escola”.

A grande verdade é que a gente sai do Ensino Médio sabendo – e muito mal – os pronomes pessoais, o verbo to be, e uma expressão ou outra muito mal falada. O que passa disso é um luxo. Aprender novo vocabulário é olhar figuras e decorar e traduzir listas enormes. Gramática geralmente se resume a um monte de regra que a gente tem que engolir, sem que alguma coisa precise fazer sentido. Produção textual é uma raridade! Em todo o meu ensino fundamental, não fiz nenhuma! E o que dizer na conversação?! Essa, coitada, é deixada de lado sem o menor pudor... 

É triste que nossas escolas não deem ao inglês o valor que ele merece, mas é bem verdade que a maioria dos alunos não está nem aí pra ir além do que se passa na sala de aula. Muitas das vagas que sobram a cada edital do Ciência sem Fronteiras são a lacuna deixada por alunos que muitas vezes têm excelentes notas e até participam de projetos de pesquisa, mas não sabem nada além de What is your name. Tudo bem que nem todo mundo tem como pagar por um curso, mas será que custa muito ir até uma biblioteca e pegar um livro, ou mesmo adquirir práticas simples e tão benéficas como ouvir mais músicas e inglês, ver um filme legendado?

É chato que essa seja a realidade da gente. Como professora de inglês, amante dos idiomas e admiradora e adepta do auto-didatismo, eu sei que sou mesmo suspeita pra falar. Mas gente é fato que conhecer novas línguas não só aumenta nossas oportunidades na vida acadêmica e profissional, mas também são uma porta aberta pra conhecer a fundo novas culturas, se relacionar com pessoas do mundo inteiro e expandir a mente. 

Como a escola não cumpre sua parte, a maioria das pessoas se acomoda – até que a realidade bate à porta e o mercado te obriga a mostrar uma segunda língua. O que mais tive durante meus 5 anos de professora foram alunos adultos desesperados, morrendo de pressa pra aprender inglês. Ou pessoas que chegavam falando das grandes oportunidades que perderam por não falarem um outro idioma. Isso sem contar os jovens universitários desesperados, sem conseguir acompanhar os livros estrangeiros passados pelos professores. Essa coisa de correr atrás na última hora é tipicamente brasileira... e um péssimo exemplo.

Quando eu era criança, não tinha desenho ou vídeo game que me fascinasse mais do que as fitas de inglês que mamãe colocava pra gente assistir. Aprender outra língua sempre foi algo que minha família considerou como parte integrante de uma boa educação, e não um simples diferencial. Sou muito grata mesmo pelo investimento que meus pais fizeram!

Se você é aluno, larga de preguiça e vai estudar. Se você é pai, lá vai um conselho: um curso de inglês vai fazer muito mais diferença na vida do seu filho do que a mesada que você dá a ele ou a camisa da Hollister que ele não para de pedir.

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Quer ver um post lindo e completo sobre o IELTS? Tá aqui, no blog da Lara!