sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O fator Inglês

Como já mencionei aqui, um dos requisitos para eu ter conseguido minha bolsa foi comprovar que falo inglês. Nos editais, cursos e mesmo experiências no exterior não valem. É preciso fazer um teste de proficiência. Não sei quantos existem disponíveis por aí, mas os mais aceitos e requisitados por universidades e programas de intercâmbio são o TOEFL e o IETLS. A está basicamente no órgão que realiza as provas. O IELTS, que é o que eu fiz, é uma prova da universidade de Cambridge, e trabalha com inglês britânico.

Estudei em uma escola de inglês americano durante 7 anos, e fui professora por outros 5. Ainda não me sinto totalmente confortável com inglês britânico, até porque não havia tido contato quase nenhum com ele até o meio deste ano, quando visitei Londres. Sendo assim, fazer o IELTS foi muito mais uma questão de conveniência do que livre escolha, já que as datas para o TOEFL estavam esgotadas. Aliás, já contei aqui no blog como conseguir uma vaguinha no IELTS foi uma coisa milagrosa. Tá no post Pra chegar até aqui.

A prova não é difícil. Definitivamente. A única coisa que complica o IELTS é o tempo. A prova é complexa, mas muito corrida. Ela é dividida em 4 modalidades: prova escrita, oral, de compreensão auditiva e de texto. Achei a oral e a de compreensão auditiva bem tranquilas mesmo, mas tive que correr muito pra conseguir terminar as duas outras.

Ok, mas depois de três parágrafos, quero dizer que o teste de proficiência não é exatamente o tema central do post. Queria falar como fiquei impressionada em ver as pessoas perdendo os cabelos por terem que fazer uma prova de proficiência em inglês. Isso reflete o quanto o ensino de língua estrangeira do nosso país ainda está longe de ser colocado no rol das prioridades da Educação. 

Nas vezes que fui à Europa ou estive com Europeus, sempre acabei sendo questionada sobre onde aprendi inglês. Quando respondo que paguei 7 anos por um curso fora da escola, as pessoas ficam realmente perplexas, sem acreditar. E se eu faço a mesma pergunta pra eles, a resposta é uma só: “aprendi na escola”.

A grande verdade é que a gente sai do Ensino Médio sabendo – e muito mal – os pronomes pessoais, o verbo to be, e uma expressão ou outra muito mal falada. O que passa disso é um luxo. Aprender novo vocabulário é olhar figuras e decorar e traduzir listas enormes. Gramática geralmente se resume a um monte de regra que a gente tem que engolir, sem que alguma coisa precise fazer sentido. Produção textual é uma raridade! Em todo o meu ensino fundamental, não fiz nenhuma! E o que dizer na conversação?! Essa, coitada, é deixada de lado sem o menor pudor... 

É triste que nossas escolas não deem ao inglês o valor que ele merece, mas é bem verdade que a maioria dos alunos não está nem aí pra ir além do que se passa na sala de aula. Muitas das vagas que sobram a cada edital do Ciência sem Fronteiras são a lacuna deixada por alunos que muitas vezes têm excelentes notas e até participam de projetos de pesquisa, mas não sabem nada além de What is your name. Tudo bem que nem todo mundo tem como pagar por um curso, mas será que custa muito ir até uma biblioteca e pegar um livro, ou mesmo adquirir práticas simples e tão benéficas como ouvir mais músicas e inglês, ver um filme legendado?

É chato que essa seja a realidade da gente. Como professora de inglês, amante dos idiomas e admiradora e adepta do auto-didatismo, eu sei que sou mesmo suspeita pra falar. Mas gente é fato que conhecer novas línguas não só aumenta nossas oportunidades na vida acadêmica e profissional, mas também são uma porta aberta pra conhecer a fundo novas culturas, se relacionar com pessoas do mundo inteiro e expandir a mente. 

Como a escola não cumpre sua parte, a maioria das pessoas se acomoda – até que a realidade bate à porta e o mercado te obriga a mostrar uma segunda língua. O que mais tive durante meus 5 anos de professora foram alunos adultos desesperados, morrendo de pressa pra aprender inglês. Ou pessoas que chegavam falando das grandes oportunidades que perderam por não falarem um outro idioma. Isso sem contar os jovens universitários desesperados, sem conseguir acompanhar os livros estrangeiros passados pelos professores. Essa coisa de correr atrás na última hora é tipicamente brasileira... e um péssimo exemplo.

Quando eu era criança, não tinha desenho ou vídeo game que me fascinasse mais do que as fitas de inglês que mamãe colocava pra gente assistir. Aprender outra língua sempre foi algo que minha família considerou como parte integrante de uma boa educação, e não um simples diferencial. Sou muito grata mesmo pelo investimento que meus pais fizeram!

Se você é aluno, larga de preguiça e vai estudar. Se você é pai, lá vai um conselho: um curso de inglês vai fazer muito mais diferença na vida do seu filho do que a mesada que você dá a ele ou a camisa da Hollister que ele não para de pedir.

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Quer ver um post lindo e completo sobre o IELTS? Tá aqui, no blog da Lara!

3 comentários:

  1. EHH infelizmente essa eh a realidade de se viver no Brasil , onda a populacao nao possui dominio sequer de sua lingua patrea.

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  2. Vou cursar Engenharia numa estadual e as aulas começam ainda no final desse mês.
    Pro Reino Unido tem de ter completado 40% ou 20% da graduação?
    Um ponto positivo é que o inglês eu eu sei e venho estudando é o britânico!

    Sucesso e parabéns pelo Blog!!

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  3. Oi, estou adorando o seu blog, bastante informativo.Eu mesmo nunca tive oportunidade de fazer um curso de inglês Até a metade agora de 2013 eu sabia muito pouco de inglês, até que aconteceu um milagre, eu descobri pela internet mesmo o quanto é fácil aprender idiomas de maneira natural, e agora eu consigo escutar e entender quase tudo que eu ouço em inglês sem traduzir e estou lendo the song of fire and ice, que aliás é bem difícil. Eu mesmo não acredito que isso foi possível. Usando o mesmo método eu pretendo aprender um idioma por ano daqui por diante. Mas o fato é que apesar do meu inglês estar bem afiado eu ainda fico um pouco nervoso em provas como o Toefl, já fiz o itp que aliás é bem corrido, mas pretendo fazer o ibt e tentar Reino Unido, meu sonho. Eu queria perguntar qual foi sua nota no IELTS? e qual você pensa que seja uma boa nota no Toefl ibt? Além disso, se você consegue viajar com o dinheiro da bolsa.

    Sucesso e muito obrigado

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