sexta-feira, 31 de maio de 2013

Mala sem alça!

Oi, todos!

Eu sei que a gente ainda ta meio que no clima mochilão aqui no blog, mas resolvi tirar a tarde hoje pra gravar um vídeo mais detalhado sobre como arrumar as malas pro Ciência sem Fronteiras :) Espero que ajude o pessoal que tá se preparando pra vir!

Os posts sobre o planejamento do mochilão, conforme eu prometi, vão saindo aos pouquinhos, ta?

Beijo!


sábado, 25 de maio de 2013

O desfecho perfeito

Oi, todo mundo!

Como vocês sabem, o mochilão já terminou (buáaaaa...) e eu já to em casa \o/ Essa semana tem sido muito divertida, com uma das minhas melhores amigas me visitando aqui :) Mas isso é assunto pro próximo post, porque ainda falta contar pra vocês como foi o último dia da minha viagem, que terminou em Istambul.

Então recapitulando um pouquinho: tinha passado o primeiro dia passeando sozinha e no segundo tive a companhia de Baris. No terceiro e último dia, finalmente era hora de encontrar minha querida amiga turca Begüm, que foi Samsung Global Blogger comigo em Londres no ano passado, durante as Olimpíadas. Trabalhamos no mesmo grupo e ficamos super amiguinhas! Mantivemos o contato mesmo depois do fim do programa, mas não imaginávamos que poderíamos nos ver tão cedo!

Eu, Begüm e Bram - outro integrante da nossa equipe
Sabe quando você tem uma "conexão" com uma pessoa? Acho que comigo e Begüm é assim. A gente tem pensamentos idênticos com uma frequência incrível, e às vezes antes de falarmos a outra já captou tudo no ar. Temos gostos muito parecidos também. Tomei um susto quando nós duas pegamos os celulares ao mesmo tempo, e...


Enfim, acho que foi essa forte conexão que levou Begüm a me promover um desfecho perfeito pra viagem, uma programação que é a minha cara e que me permitiu fechar com chave de ouro o mochilão: um dia de gordices! Sério, a gente comeu mui-to! Começou logo pela manhã, quando nos encontramos pra tomar café. E olhem que café especial: cruzamos o Mar de Mármara e fomos para o lado Asiático de Istambul! Sim, a Turquia é o único país do mundo que está simultaneamente em dois continentes. Eu tinha planejado um mochilão pela Europa, mas acabei tendo um gostinho da Ásia também. Que delícia, né?


Olhem a cor dessa águaaa!
A gordice começou ainda no barco, comendo simit - que é algo parecido com um pretzel:


Caminhamos até o restaurante que Begüm escolheu, um lugar lindo, calmo, cheio de árvores. Enquanto os passarinhos cantavam de um lado, a gente colocava a conversa em dia do outro. A deixei à vontade pra escolher o café da manhã que ela quisesse, e depois de um tempinho me chega isso:



Gente, é sério. Se eu pudesse, ficaria sentada ali o dia inteiro! Tudo era deliciosamente delicioso. Ah, e eu já falei que essa bandeja (de madeira e giratória!) era só pra mim? Fiquei doida, sem saber por onde começar. Tudo incrivelmente delicioso, com destaque para o mel com creme para se comer com pão. No céu vai ter isso minha gente. Amém, eu creeeeiiiio!


Depois de quase duas horas de fartura naquele lugar tão gostoso, pegamos um sorvete e caminhamos em direção ao mar. Não sei nem qual sabor eu pedi, mas sei que tava uma maravilha!




Tínhamos pouquinho tempo, porque às 16h eu já tinha que pegar o transfer pro aeroporto. Mas Begüm fez questão que nós tomássemos um típico café turco - que não se toma, simplesmente... tem toda uma cerimônia! É claro que eu topei, né? :D O café turco é bem forte, e geralmente torrado em casa. O cheiro que exalava enquanto o garçom me servia já fazia a experiência valer a pena! Como boa amante de café, posso dizer sem dúvida que aquele foi o melhor que já tomei na minha vida!   


E não para por aí. Mais uma vez, os noveleiros vão ter boas lembranças agora... Quem acompanhou O Clone lembra da Zoraide lendo a borra de café pra Jade, né? Eu não sabia, mas na Turquia as mulheres também têm esse costume. Como o café turco é muito forte, fica quase 1 dedo de pó de café no final da xícara, e Begüm me mostrou como elas fazem a leitura: viram a xícara sobre o pires, esperam que ela esfrie e depois interpretam o que as marcas deixadas pelo pó querem dizer.




Não acredito nessas coisas, mas achei super legal saber como funciona a tradição. Além disso, segundo Begüm, as linhas abertas da minha xícara querem dizer que eu vou viajar muito! Que arraaaasoooo!!!


Nos despedimos, ainda cheias de saudade. Foram poucas horas, mas bom demais estarmos juntas. É verdade que nos empolgamos um pouco com as conversas e comidas, e o tempo ficou muito apertada. Eram 15:40, e eu precisava estar no albergue em 10 minutos. Peguei um taxi, mas o engarrafamento estava inacreditável. Não andamos 1km, e o taxista teve a cara de pau de me cobrar 15 liras (equivalente a 15 reais), só pelo tempão que passamos parados no trânsito. Que beleza, agora eu teria que pegar um tram. Meu cartãozinho de passagem estava carregado? Claro que não! Gastei minhas últimas 5 liras pra colocar mais crédito.

Entrei no tram e assim que ele começou a se mover vi que estava indo na direção errada. Quase chorei! Ia perder o transfer, o dinheiro que já tinha dado, e teria que pagar um taxi caríssimo até o aeroporto! Engoli o choro, desci na parada seguinte, atravessei a rua e peguei o certo. Comecei a me consolar, dizendo a mim mesma que essas coisas aconteciam, e que o atraso foi por uma boa causa - eu estava passando tempo com uma grande amiga!


Já passavam das 16h05 quando eu desci, e fui caminhando com calma até o albergue. Decidi casualmente passar na frente da empresa de transfer e perguntar sobre o transporte até o aeroporto. Disse ao cara que tinha perdido a hora, mas já tinha feito o pagamento e tal... Nem pedi nada, na verdade disse que queria marcar outro transfer pra dali a uns 40 minutos. Num ato de bondade sem precedentes, o cara simplesmente ligou pro motorista e mandou ele voltar pro albergue e me buscar - apesar de já terem passado 15 minutos do horário! Sério, fiquei com vontade de pular no balcão e dar um beijo nele (Calma, pai! Eu não fiz isso!). Que coisa fofa, né?

Corri pro albergue, agarrei minhas malas e entrei no carro (que já tava lotado!) completamente esbaforida. Finalmente chegamos no aeroporto, consegui fazer meu check-in em paz e, caminhando para o portão de embarque, me deparei com isso:


É uma cadeira de massagem. Conheci essa maravilha tecnológica pela primeira vez na Alemanha. Sério, gente, uma dessas me salvou! Eu tava tendo um dia mais estressante impossível, presa em Berlim, sozinha, sem dinheiro e sem ter como voltar pra casa porque todos os voos haviam sido cancelados. Resolvi sacrificar alguns euros pra passar 10 minutos numa dessas cadeiras, e isso simplesmente me renovou!

Depois de toda a correria pra chegar no aeroporto, achei que eu merecia, né? A cadeira cobrava 1 lira por 3 minutos de massagem. Catei na minha bolsa e achei 5 moedas de uma lira. E se você acha que eu gastei as cinco pra passar 15 minutos me sentindo no céu... certa a resposta! Que maraviiiilha!

Ainda no aeroporto de Istambul, estava na pia de um banheiro lavando o rosto, escovando os dentes e fazendo o possível pra compensar pelo banho que não pude tomar. Olhei pelo espelho, e na pia do outro lado estava uma menina fazendo a mesma coisa. Sorrimos uma pra outra. Ela terminou antes de mim e colocou um mochilão nas costas. Disse pra ela: "Eu sei bem o que é isso..." - e apontei pro meu mochilão. Ficamos ali alguns bons minutos, trocando experiências e desejando muitas outras viagens uma pra outra. Que legal é conhecer pessoas do mundo inteiro e ouvir suas histórias! 

O voo saiu na hora certinha, e foi muito tranquilo. A companhia aérea é uma beleza, gente. Super recomendo! Se chama Turkish Airlines. Serviram um jantarzinho maravilhoso (olha aí... eu só falo em comidaaa! Preciso me libertar dessa alma gorda, minha gente!) e tinham aquele computadorzinho de bordo com jogos, filmes, música e programas de TV. Tive a brilhante ideia de assistir A Vida de Pi.


Pra que, meu povo? Pra queeee??? Chorei que nem uma condenada com esse filme lindo-e-maravilhoso, tanto esteticamente quanto na história. E o pior: não chorei só por dentro não. Tava quase soluçando pro avião inteiro ouvir. Que mico!!!

Depois de passar pela imigração, pegar minhas malas e tudo mais, saí do aeroporto e me dei conta do quanto eu tinha sentido saudade da minha Londres querida. Enquanto o metrô andava, ia lembrando das coisas lindas que eu vivi e agradecendo a Deus por ter me dado um privilégio tão grande e por ter permitido que eu fosse e voltasse em segurança! No fim de tudo, o meu saldo:

2 mochilas, 1 par de tênis, 18 dias, 2 continentes, 7 países, 8 cidades, 5 albergues, 6 reencontros, 8 trens, 2 voos, 57 horas pela terra, 5 horas pelos ares. Me sinto mais ambiciosa, obstinada, forte e corajosa do que jamais senti. Perdi de vez o medo do mundo. Ganhei conhecimento pra vida toda. Passei a me amar mais. Consegui me entender melhor. Vi nos mínimos detalhes o cuidado de Deus. Antes, muitos sonhos na cabeça. Agora, muita história pra contar.
Mundo, eu estou apenas começando.

Obrigada por me acompanharem na realização desse sonho, gente! E eu não to brincando... esse foi só o começo!

Um beijo pra vocês!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Maravilhosa Istambul


Samba do crioulo doido. Sem brincadeira, essa foi a primeira coisa que me veio na cabeça ao desembarcar em Istambul. Depois de um voo tranquilíssimo, chegar no aeroporto de Atatürk foi um choque. Não havia lugar pra uma formiga sequer ali. A fila pra checagem do passaporte estava ridiculamente grande. Levei mais ou menos 45 minutos entre o desembarque e finalmente conseguir pegar minhas bagagens – que eu tava morrendo de medo de perder, depois de ficarem esse tempão lá ao léu!

Quando cheguei na área de desembarque, onde o motorista do transfer tava esperando, me senti numa feira. Era muita, muita, muita gente! Do lado de fora, atravessar a rua foi um feito! Três, quatro carros dividiam a mesma faixa, a quantidade de buzinas por segundo era ensurdecedora, e nós pedestres tínhamos que encher o peito e começar a andar na cara e na coragem, acreditando que não iam pasar por cima de nós. Um detalhe particular: já passava da meia noite, eu havia passado o dia praticamente 6 horas esperando no aeroporto de Sofia depois de 13 horas num trem. Ou seja: meu sono estava no nível The Walking Dead.

Mas minha impressão sobre Istambul passou a mudar assim que o motorista começou a dirigir pela cidade em direçao ao albergue. Avenidas largas e super iluminadas, canteiros lindos e floridos, e na orla do Mar de Mármara, vários grupos de jovens e famílias fazendo pique-nique na madrugada. Invejei todos na hora, Cheguei no albergue e fui levada ao meu quarto. Mesmo que com um olho aberto e outro fechado tomei um longo banho pra depois morrer com farofa na cama, lá pelas 2 da manhã!

Acordei por volta das 10 horas pra descobrir que eu “acidentalmente” tinha escolhido um albergue que ficava pertíssimo dos principais pontos da cidade antiga. E de verdade, gente, aconteceu um imprevisto e eu tive que escolher o albergue em Istambul com tanta pressa que eu literalmente reservei o primeiro que vi pela frente! Além da ótima localização, o café da manhã era servido no terraço. Resmunguei um pouco subindo os três lances de escada, mas calei a boca ao me deparar com isso:


Que presentão! Saí por aí naquele meu estilo de vou-entrar-no-primeiro-lugar-interessante-que-eu-encontrar-pela-frente. Que surpresa quando eu parei em frente à Sultanahmet, conhecida como Blue Mosque (Mesquita Azul), que é o cartão postal da cidade! Como minha calça legging e minhas Havaianas não estavam adequadas ao lugar, voltei pro albergue, coloquei uma roupa mais propícia, comprei um véu e voltei pra linda Sultanahmet...





Maravilhosa, né? E quem é noveleiro vai reconhecer as fotos abaixo: são da Yerebatan Sarayı, a Cisterna de Basílica. Lembro que o único capítulo que vi da novela Salve Jorge foi um em que a Morena inteligentíssima resolvi fugir de alguém por essa basílica – prova de que lhe faltavam alguns trilhões de neurônios, já que ela só tem uma entrada e uma saída. Enfim, com ou sem Morena, babei demais na Yerebatan Sarayı. Olhem essa iluminação incrível!



Resolvi dar uma parada pra abastecer o tanque, e se você tá na Turquia, você tem que comer Kebab pelo menos uma vez, né? Muito, muito, muito delicioso!



Próxima parada: Ayasofya, que também chamam de Hagia Sophia. É também uma mesquita, linda de morrer. Pena que tava em reforma...



Um vovozinho me viu sentada no banco e pediu pra tirar uma foto!
hahah.. fofo :)

Saindo da Ayasofya, voltei para o albergue passando pelo Arasta Bazaar, um mercado que ficava no caminho. Os cheios, as cores, os objetos... tudo lindo de morrer!


Tomei um banho e resolvi dar uma andada no parque Gülhane. Do lado do parque tem um palácio (o Topkapi), mas ele tinha fechado 10 minutos antes de eu chegar! Me contentei em sentar na grama e admirar as rosas :)






Voltei pro albergue, admirei meu terraço mais um pouquinho, e caí na cama. Bem, uma das principais razões pelas quais eu quis vir para a Turquia foi rever uma grande amiga chamada Begüm. Nos conhecemos no ano passado, em Londres – ela também foi blogueira durante as olimpíadas para a Samsung. Begüm não estaria em Istanbul nos dois primeiros dias da minha visita (mas no último sim, e foi o mais legal! Vou falar dele amanhã!), então ela pediu pra um amigo me acompanhar na segunda-feira. O nome dele é Baris, e ele foi super prestativo!

Nossa primeira parada foi o Kapalı Çarşı Tarihi (Grand Bazaar/Grande Mercado) – um mercado fechado gigantesco, com cerca de 40 ruas de tudo o que se possa imaginar! Quem me lê há um tempinho sabe que eu não só não sou consumista mas também odeio compras, mas no Grand Bazaar minha vontade era gastar todo o meu dinheiro e ainda vender cabelo e alguns órgãos pra pagar por todas as belezas dali. Pensei muito na minha mãe e no problema logístico que teríamos pra voltar pra casa caso ela estivesse comigo :D [Mãe, te amo! E a senhora merece o mundo inteiro!]







Depois de lá, mais um mercado: o Mısır Çarşısı (Spice Market/Mercado de Especiarias). Ele é bem menor, e a sua especialidade são os temperos, chás, pimentas, ervas e condimentos de tudo quanto é tipo. O cheiro era maravilhoso demais pra ser verdade, minha genteeee!






Do lado do Mısır Çarşısı havia mais uma mesquita: a Yeni Cami (New Mosque/Nova Mesquita). Não perdi a oportunidade de usar meu hijab turco mais uma vez, né?


De lá, seguimos para a ponte Galata, onde atravessaríamos pra conhecer outro lado da cidade. Baris quis que eu provasse algo típico e me trouxe de surpresa um sauerkraut. Minha geeeeente... vocês sabem que eu adoro provar comida de outros países, mas essa foi jogo duro. Quando vi aquela aguinha rosada ao longe, pensei: oba, suco!. Ah, que engano! É um caldo frio, salgado e apimentado com repolho e picles dentro. Juro que tentei tomar o máximo que pude pra honrar a boa vontade de Baris, mas encarar o sauerkraut foi difícil mesmo!


Cuspindo fogo que nem um dragão, passamos pela ponte e segui caminhando com ele para a torre Galata, de onde se tem a vista mais linda da cidade. Istambul é de tirar o fôlego, gente, e as fotos dessa amadora aqui jamais vão expressar o quanto esse lugar é incrível! E que delícia sentir novamente o ventinho do mar...



Lá pras 4 da tarde, finalmente conseguimos parar pra almoçar. Derreti de amores por esse tal de Iskender – um prato típico feito de carne, pão e que se come acompanhado de um creme maravilhoso. Esse com certeza ganhou o Oscar de melhor comida do mochilão. Quase que eu não levantava da cadeira depois!


Mas caaalma, gordinho não vive sem sobremesa! Baris pediu um Kadayif pra mim, e eu topei sem nem saber o que era (se não tivesse picles, repolho, pimenta e água rosinha, tava tudo ótimo!). Eu sei, já ta ficando chato eu dizer toda hora que isso ou aquilo era uma delícia, mas era mesmo! Comecei a ver que, em se tratando de culinária turca, as chances de não ser bom são pouquíssimas... Olhem aí que coisa linda!


çay (chá) turco é a bebida obrigatória antes,
durante e depois de todas as refeições
Terminamos o dia emna região de Taksim e eu voltei pro albergue, dando mais uma passada no Arasta Bazaar. Me senti a criatura mais linda do mundo. Passar num mercado assim é tipo andar na frente de uma obra no Brasil: você sai sendo o “meu amor” de todo mundo! A vantagem é que os vendedores são geralmente brotos. Acho que isso é uma estratégia de marketing, sabia? Porque eu estou consciente que já não sou essa Coca-Cola toda, ainda mais depois de um dia inteiro andando, completamente torrada e suada.

E esses foram meus dois primeiros dias na Istanbul maravilhosa – mas o melhor ainda estava por vir! Passa aqui de novo amanhã que tem mais história, com o grand finale do meu mochilão!

Beijos!