Susto no ar

Gajos e raparigas, estamos em Portugal!

Dentre tantos países, ta aí um que sempre quis conhecer! Não só pela beleza, mas principalmente porque parte da minha família vem daqui. Esse é um passado que ficou meio perdido ao longo do tempo. Devo ter primos e tios andando por terras portuguesas, mas não tenho ideia de onde eles podem estar... Ainda assim, é muito bom estar na terra responsável por parte das minhas raízes.

Além disso, aqui moram amigos que estão no nosso coração. Que maravilha encontrar a família Vasconcelos depois de tantos meses longe... A saudade tava grande, e a gente já ta tratando de colocar a conversa e as risadas em dia!

Mas o drama pra chegar até aqui merece uma história. Voamos por uma companhia aérea chamada Vueling. Nunca ouviu falar, né? Nem eu! Mas tava barata, então foi essa mesmo :) Depois de quase uma hora de atraso, finalmente embarcamos rumo a Lisboa!

Sentei com meu irmão em uma fileira, enquanto minha irmã e meus pais ocuparam outra. Logo depois da decolagem, eu e Fil começamos a dormir - ele com a cabeça no meu ombro, e eu apoiando nele. De repente, o avião ficou muito barulhento. Crianças chorando, gente conversando alto e o comandante anunciando alguma coisa. Meu irmão acordou, e o movimento dele acabou me acordando também. Ele disse que estava se sentindo muito mal. Pedi que ele esperasse e abaixei pra pegar um pacote de batatinhas que tínhamos levado na mochila.

Quando acordei, a cena do horror: meu irmão, com os olhos esbugalhados, a pupila do tamanho do mundo, a boca semi-aberta e completamente sem sentido. Comecei a chamá-lo, e ele não respondia! Ele foi fechando o olho enquanto eu amassei a batata e tentei enfiar pela boca dele. Algum sal deveria ajudar, né? Tentei chamar meus pais e irmãos em um volume de voz normal, mas tive que recorrer a um berro ecoante pra eles finalmente me ouvirem.

Meu pai voou do seu assento (na fileira oposta, do lado da janela), e em menos de um segundo ele estava em cima de Fil, dando tapas no desespero de acordá-lo. Tadinho... Mamãe correu pra chamar as aeromoças, que prontamente vieram. Meu irmão acordou desorientado, sem noção do que estava acontecendo. Eu queria que ele comece algo de sal, minha irmã queria que ele comesse algo doce, uma aeromoça trouxe água com açúcar (metade do copo papai derramou no rosto dele, diga-se de passagem). Que desespero!

Até que chegou nosso salvador: um francês escandalosamente lindo se apresentou como médico, pegou meu irmão pelo braço e o levou até a cabine de comissários pra prestar atendimento. Enquanto papai e mamãe estavam com ele, Mari e eu tentávamos nos acalmar comendo batatinha e M&M's. Eu tremia dos pés à cabeça pela cena que tinha visto. Tadinho do meu ratoooo!!! Aos poucos fomos respirando fundo, e logo recomeçaram as brincadeiras: "Aposto que se fosse eu, aparecia um médico bem horroroso pra atender, né?".

Na saída do aeroporto, mais tensão. O médico começou a dar um esporro do tamanho do mundo em um senhor. Uma moça que estava ao lado do meu pai traduziu pra ele algo mais ou menos assim: "Você sabe o que ele está fazendo? Ele está defendendo a vida do seu filho. Aquele senhor estava reclamando porque o fato de seu filho precisar de atendimento atrasou o serviço de bordo, e as batatas dele demoraram a chegar. O médico respondeu que a vida está acima de tudo, que ele era um velho desumano, e ainda disse achar que seria ótimo se um dia ele tivesse um infarto e não houvesse ninguém pra atender." Fiquei com o sangue fervilhando por alguns minutos. Se tem uma coisa que eu não admito, é que mexam com meus irmãos! Mas ele ARRASOU! Doutor Brotinho arrasou!

Enfim... depois de toda a tensão, chegamos sãos e salvos em Portugal! Recebidos pelos nossos amigos lindos e com Fil se recuperando bem :)

Já vimos coisas lindas hoje, e amanhã tem mais \o/

Beijo pra vocês!