Do lixo ao luxo

Hello, todo mundo! Como estão vocês?

Bem, ontem à noite fui a um culto da Hillsong, e o pastor falou uma coisa com a qual me identifiquei muito: "Sempre que muitas coisas boas acontecem comigo, eu penso: 'Nossa, Deus deve me amar muito!'". Mas, seguindo essa linha de pensamento, hoje de manhã eu tive motivos pra achar que era a menos amada das criaturas. 

Como já devo ter contado por aqui, aos domingos eu preciso estar na igreja às 7h pra trabalhar na equipe de produção. Como antes dessa hora o metrô ainda não funciona, eu tenho que pegar dois ônibus. Bem, saí de casa às 5h45, e logo que cheguei na parada o ônibus passou. "Estou com sorte", eu pensei! Mas que engano... Fui passar o cartão no leitor, e vi que não tinha mais crédito. Desenterrei umas moedas do bolso e tinha o suficiente pra pagar. Beleza. Uns 10 minutos depois, percebi que tinha esquecido meu crachá em casa - o que me dá acesso ao palco e ao backstage, que é onde trabalho. Tive uma pontadinha de raiva de mim, e passou. Pensei: "ok, agora acabou. Daqui pra frente vai dar tudo certo".

Desci do ônibus pra pegar o segundo. Tinha umas 10 pessoas na parada. Mas com quem os dois semi-bêbados que estavam lá quiseram puxar conversa? Comigo, é claro! Meu humor já começou a mudar... Meu ônibus chegou, eu entrei e fui pagar ao motorista. A passagem é £2.40, e eu tinha os 40 centavos trocados, mas o resto ele teria que tirar de uma nota de 10. Ele falou que não tinha troco, eu fiz cara tristeza, e ele impiedosamente disse pra eu descer do ônibus e ir recarregar meu cartão. Calma, tem como piorar: um dos semi-bêbados estava logo atrás de mim, e disse que eu era amiga dele e que ele ia pagar minha passagem. E depois daquele episódio do cara que me perseguiu nas estações de metrô, eu to mais ligada. Agradeci, recusei e dei no pé. Olhei pra trás, e graças a Deus ele não tinha resolvido me seguir.

Já estava chuviscando, mas é claro que, quando eu comecei a andar, a chuva apertou. Com as várias pocinhas na rua e a chuva caindo, não demorou muito pros meus tênis virarem um par de lagos. Além do desconforto, eu estava morrendo de frio. O vento batendo forte e o pé afogado na água. Fiquei pensando como é que eu faria pra trabalhar daquele jeito. Tive uma vontade imensa de chorar, sinceramente!

Carreguei o cartão, voltei pra parada e fiquei por alguns minutos pensando se valia a pena ir mesmo. Minha vontade era correr pra casa, me esconder debaixo do meu edredom e só sair amanhã. Mas que bom que eu mudei de ideia!

Logo que eu cheguei, precisei avisar que tinha esquecido meu crachá. Em vez de levar uma bronca, que era o que eu merecia, o pessoal foi super gente fina e me deu um passe temporário. Entrei e corri pro banheiro, pra tentar pelo menos secar minha meia. Depois de alguns minutinhos debaixo do secador de mãos, elas estavam secas e quentinhas. Já me sentia um pouco melhor...

Assim que entrei na igreja, alguns amigos perguntaram como tinha sido minha manhã. E como eu tava mesmo precisando desabafar, contei pra eles todos os detalhes da minha saga. Eles fizeram aqueles barulhinhos de pena (oooowww... aaaaaahhhh...) e no final um deles disse que o incrível era que, apesar de tudo, eu ainda conservava um sorriso lindo. Ok, meu coração começou a derreter aí. Passaram-se alguns minutos, e chegou uma amiga dizendo que tinha lembrado de mim durante a semana, e me entregou um pacote. Quando eu abri...:

GOI-A-BA-DAAA! Nossa, quase pulei no colo dela. E não é só goiabada, mas é goiabada brasileira mesmo! Aiii, que alegria! Comecei a trabalhar com outro ânimo, e tudo o que eu recebi no resto da manhã trabalhando foram palavras boas de encorajamento, elogios e conversas super legais. Saí da igreja lá pelas 13h pra uma reunião. Encontrei mais amigos, e tive mais conversas maravilhosas.

Na saída, resolvi dar uma passada em um lugar que tinha visto na sexta-feira. É uma lojinha que vende coisas brasileiras. No fim da loja, dei de cara com essa prateleira.

Gente, eu tenho um problema: quando eu to feliz, eu rio mesmo. Não importa quem esteja por perto, nem que me achem doida. Comecei a rir dentro da loja, a alegria a mil por hora por ver essas coisas lindas! Café Pilão, Bis branco, pão de queijo, Passatempo, feijão preto, Bono, cuscuz, farofa... Aaaah! Que felicidade! Na hora de pagar, virei pro lado e olha quem estava olhando pra mim:

Coxinha com catupiryyy! Dei pulinhos por dentro, e a ansiedade foi tanta que não consegui nem esperar até chegar em casa. Comi no metrô mesmo, com um sorrisão no rosto. Nunca uma coxinha me fez tão feliz quanto essa! Vim no caminho de casa trocando mensagens com minha irmã, fazendo planos pro fim de semana que vem, quando ela vai vir me visitar. Que alegriaaaa!

Cheguei em casa me sentindo uma pessoa completamente diferente da que tava emburrada hoje de manhã. Que virada boa, do lixo ao luxo! E no final das contas, uns aborrecimentos aqui e ali não significam que Deus deixou de me amar ou cuidar de mim. É que, assim como todos nós, ele gosta de reservar o melhor pro final... e que final!

Tenham uma semana linda! E se alguém tá no lixo, espero que seu luxo venha logo :)

Beijão